O título da postagem até parece coisa séria, mas é só uma forma de mostrar as mudanças nas tradições que cercam o karate.
Anos atrás, além de difícil, eram poucos os estrangeiros ( gaijin – 外人) praticando nossa arte nos dojo ‘s japoneses. E a maior barreira era a discriminação por parte dos sensei’s que ainda mantinham o “Espírito Japones”, um nome bonito para descrever o racismo!
Brasileiros , mesmo possuindo nivel de conhecimento técnico igual aos dos japoneses top’s da década de 70, foram perseguidos e desacreditados, pelo simples fato de não possuirem os “olhos puxados”.
Até mesmo kenshuseis brasileiros formados no curso , não possuem seus nomes no quadro de formados (pasmem!), sem nenhum motivo aparente a não ser o racismo descarado!
Mas isso é uma outra história, e o que quero mostrar é justamente o contrário. A globalização já chegou aos nossos dojo’s, e é comum encontrar vários “rostos” em um trainamento que em outras épocas , era exclusivo para japoneses.
No meu dojo, não sou o primeiro “gaijin” a treinar , já que trata-se de um dojo com anos de existência, e como em minha cidade encontra-se a segunda maior colônia de brasileiros no Japão , não é difícil encontrar um “BRAS” na academia de um “JAPA” ( rsrs,desculpem o linguajar !)
No começo a adaptação foi difícil, ainda existem muitas que possuem o “espirito japonese”, mas uma coisa você com certeza deve concordar, quando eles encontram alguém com capacidade superior, o reconhecimento é imediato. Depois dessa fase, as coisas foram mudando lenta mas radicalmente, de ambas as partes. Fui obrigado a aprender o idioma, mas com a ajuda dos kohai’s, Takahashi , hoje um grande amigo , foi praticamente meu primeiro professor de nihongo ( lingua japonesa), e ainda é.
Foi aprendendo os costumes, a etiqueta, o que era certo ou errado que adquiri o respeito de todos (alguns eu não consegui por bem, então…). Hoje sou autorizado a dar aulas dentro do dojo para os coloridas e para a turma de adultos faixas pretas.
A família aumentou! Há alguns meses atrás, matricularam-se dois “conterrâneos “, para a alegria a satisfação do Pinto, ( sem obscenidades). Renato Makino e Alexsandro Prado ( o nome das vítimas), são bastante esforçados e parecem gostar dos treinos ( estou me esforçando para que eles passem a odiar, hehehe).
Renato já era praticante de karate shotokan desde o Brasil, apesar de ter vários anos morando no Japão, somente agora conseguiu uma “folga” na vida agitada de dekasegi e decidiu retormar aos treinos. Através do blog , descobriu o Mikatabara dojo , convencendo o amigo Prado à também praticar .
Alexsandro Prado já praticou Aikido e outras artes marciais ( de defesa pessoal), o que está facilitando a adaptação ( mesmo que ele não acredite muito nisso).
A força de vontade de ambos é uma das qualidades que me chamou atenção, pois sei que não é fácil conciliar a vida dura que levamos aqui com uma atividade física, mas até agora não está sendo problema para eles.
A recepção por parte do dojo também deve ser levada em consideração, não foi nenhum tabú a ser quebrado já que todos estão acostumados com a presença estrangeira, ainda mais para dois “gaijin’s” que falam muito bem a lingua ( eu passando vergonha quando gasto meu nihongo na frente dos novos Kohai’s) e para mim a alegria só aumenta, posso falar português dentro do dojo, coisa que já não fazia há mais de 1 ano, quando minha esposa teve que interromper os treinos por conta da gravidez ( tem horas que até esqueço algumas palavras em português, sério!).
Para os novatos deixo o meu agradecimento, obrigado pela simpatia e companhia nos treinos na piscina e das conversas no fim dos treinos do dojo, esse calor brasileiro as vezes faz falta por aqui.
E se vocês ( Prado e Renato) tiverem algo para me agradecer , esperem um pouco , logo mais farei com que ambos mudem de idéia quanto ao agradecimento ( EU SOU MAU HEHEHEHE!!)
Pessoal, desculpem a demora nas atualizações do blog, a vida com a nova herdeira está meio fora dos eixos, por enquanto não estou podendo gravar os treinamentos, mas logo logo tudo volta-rá ao normal.
Obrigado pela visita e um abraço.
Oss!
Certa vez durante a minha adolescência numa aula de Tae Kwon Do era inverno treinando um golpe de chute eu bati o calcanhar no ferro da cadeira.
Que dor!!!
Depois disso, nunca mais eu quis estudar artes marciais.
Uma lástima!
Alexandre Olsson
http://conversaforax.wordpress.com
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“A cada vez que pisa fora do seu portão esta´rá frente a um milhão de inimigos”.
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